VIAJAR DE TREM NÃO É TÃO VERDE

quinta-feira, 17 de setembro de 2009



Pesquisa revela que os trens não estão tão distantes dos maiores poluidores: os automóveis.

Tornou-se algo completamente banal, dado o número de vezes que se afirma, dizer que os trens, entre os transportes públicos, são os mais ecológicos (outro exemplo de senso comum é dizer que andar de bicicleta é o mais eficiente dos meios de transportes com relação à energia, entretanto, esta é uma outra história, até por ter um fundo de verdade). Com relação aos trens, entretanto, um novo estudo publicado pela revista Environmental Research Letters (e relatado no Green Inc.) coloca o assunto em discussão.

A pesquisa, sob o comando de Mikhail V. Chester e Arpad Horvath do departamento de Engenharia Ambiental da UC Berkeley, é a primeira a medir não apenas a energia dispensada a cada quilômetro viajado por passageiro (PKT) durante a operação, mas, sim, todo o ciclo de vida do meio de transporte em questão.
Por exemplo, em vez de focar a atenção apenas na relação quilômetros/litro que um SUV faz, os pesquisadores decidiram levar em conta todo o processo: da energia utilizada na fabricação das peças aos impactos ambientais de todas as estradas que permitem a locomoção.

Os resultados trazem percepções acerca dos impactos à Terra dos transportes de massa. Sem surpresas, o automóvel ainda é o meio de transporte com maior impacto ambiental, entretanto, a verdadeira descoberta é que os impactos dos trens e aviões não estão tão distantes do conhecido vilão, como seria de esperar.

O gráfico abaixo compara o consumo energético e as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs) de 11 modalidades diferentes de transporte, considerando o PKT. É possível conferir, por exemplo, que o veículo leve sobre trilhos San Francisco Muni consome mais energia do que um Boeing 747, e que a Green Line do veículo leve sobre trilhos de Boston emite mais GEEs que um Boeing 737 ou 747.
O elemento mais importante que se encontra ausente neste estudo é o transporte ferroviário de longa distância, como a Amtrak, por exemplo, ou mesmo a futura linha ferroviária de alta velocidade na California, muito embora os autores indiquem o fato de que 83% de todas as viagens feitas nos Estados Unidos em linhas ferroviárias são feitas em sistemas de curta distância como aqueles mencionados no parágrafo anterior.

As razões que explicam a proximidade referencial dos impactos ambientais entre as ferrovias e os aviões resume-se à infraestrutura dos dois meios; as viagens aéreas são extremamente intensas no que se refere à sua utilização operacional (quando você está voando, em outras palavras), estas, entretanto, têm uma infraestrutura mínima. Os sistemas ferroviários, por sua vez, têm uma utilização operacional bem menos intensa se comparados ao sistema anterior, o problema fica por conta da infraestrutura, que consome muitos recursos na construção das linhas férreas e suas respectivas estações.

Uma alternativa para reduzir os impactos de viagem ferroviárias, indicam os autores, seria:
Enquanto os aperfeiçoamentos na eficiência energética estão atrelados à geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis com baixo teor de carbono, reduções do uso de energia na construção de estações e operação da infraestrutura poderiam ter efeitos notáveis. Particularmente, a redução na utilização de concreto ou a mudança deste para um material que consuma menos energia e de menor intensidade de GEEs aperfeiçoaria o desempenho na construção da infraestrutura; ou seja, a redução do consumo de eletricidade e a adoção de combustíveis mais limpos para a geração de eletricidade melhoraria a operação da infraestrutura.


Fonte: Agenda Sustentável (www.agendasustentavel.com.br)

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